sexta-feira, 20 de novembro de 2015

O que nosso anjo da guarda faz depois da nossa morte?

A missão do seu anjo da guarda não termina quando você morre – e é maravilhoso descobrir o que ele ainda vai fazer por você depois disso



O Catecismo da Igreja Católica, referindo-se aos santos anjos, ensina no número 336 que, “desde o início até a morte, a vida humana está cercada de sua custódia e intercessão”.
A partir disso, conclui-se que a pessoa conta com a proteção e guarda do seu anjo mesmo no momento da sua morte. Ou seja, os anjos não nos acompanham somente nesta vida, mas sua ação se prolonga até nossa morte, nossa passagem para a vida eterna.
Para entender a relação que une os anjos às pessoas no momento de sua passagem à outra ida, é preciso compreender que os anjos foram “enviados para todos aqueles que hão de herdar a salvação” (cf. Hb 1, 14).
Ou seja, a principal missão do anjo da guarda é a salvação do ser humano, é fazer que a pessoa entre na vida de união com Deus. E, nesta missão, encontra-se a assistência que o anjo dá às almas no momento em que se apresentam diante de Deus.
Os Padres da Igreja destacam a especial missão dos anjos de assistir as almas na hora da morte e protegê-las dos últimos ataques dos demônios.
São Luís Gonzaga (1568-1591) ensina que, no momento em que a alma abandona o corpo, esta é acompanhada e consolada pelo seu anjo da guarda para que se apresente com confiança diante do tribunal de Deus.
Segundo o santo, o anjo apresenta os méritos de Cristo, para que neles se apoie a alma no momento do seu juízo particular; e, uma vez pronunciada a sentença pelo Divino Juiz, se a alma é enviada ao purgatório, esta recebe a visita frequente do seu anjo da guarda, que a conforta e consola, levando-lhe as orações que foram feitas por ela e garantindo-lhe sua futura libertação.
A missão dos anjos da guarda continua até levar a alma à união dom Deus.
No entanto, é necessário levar em consideração que, depois da morte, nos espera um juízo particular, no qual a alma, diante de Deus, pode escolher entre abrir-se ao amor de Deus ou rejeitar definitivamente seu amor e seu perdão, renunciando assim, para sempre, à comunhão alegre com ele (cf. João Paulo II, audiência geral de 4 de agosto de 1999).
Se a alma decide entrar em comunhão com Deus, seu anjo se unirá a ela para louvar eternamente o Deus Uno e Trino.
Se a alma precisa passar pelo purgatório, seu anjo intercederá por ela diante do trono de Deus e buscar ajuda entre os homens na terra para levar orações ao seu protegido, ajudando-o a sair do purgatório o quanto antes.
As almas que decidem rejeitar definitivamente o amor e o perdão de Deus, também rejeitam a amizade eterna do seu anjo da guarda. Neste terrível evento, o anjo louva a justiça e santidade divinas.
Em qualquer um dos três possíveis cenários (céu, purgatório ou inferno), o santo anjo sempre se alegrará com o juízo de Deus, pois ele se une de maneira perfeita e total à vontade divina.
Nunca nos esqueçamos de que nós podemos nos unir aos anjos dos nossos entes queridos já falecidos, para que eles levem nossas orações diante do trono de Deus, para que o Senhor manifeste sua misericórdia.

Pensamentos consoladores sobre o Purgatório

O grande doutor da Igreja São Francisco Sales (1567-1655) tem um ensinamento maravilhoso sobre o purgatório. Ele ensinava, já na Idade Média, que “é preciso tirar mais consolação do que temor do pensamento do purgatório”. Eis o que ele nos dia:

1. As almas ali vivem uma contínua união com Deus.
2. Estão perfeitamente conformadas com a vontade de Deus. Só querem o que Deus quer. Se lhes fosse aberto o Paraíso, prefeririam precipitar-se no inferno a apresentar-se manchadas diante de Deus.
3. Purificam-se voluntariamente, amorosamente, porque assim o quer Deus.
4.Querem permanecer na forma que agrada a Deus e por todo o tempo que for da vontade Dele.
5. São invencíveis na prova e não podem ter um movimento sequer de impaciência, nem cometer qualquer imperfeição.
6. Amam mais a Deus do que a si próprias, com amor simples, puro e desinteressado.
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A Doutrina do Purgatório
7. São consoladas pelos anjos.
8. Estão certas da sua salvação, com uma esperança inigualável.
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9. As suas amarguras são aliviadas por uma paz profunda.
10. Se é infernal a dor que sofrem, a caridade derrama-lhes no coração inefável ternura, a caridade que é mais forte do que a morte e mais poderosa que o inferno.
11. O purgatório é um feliz estado, mais desejável que temível, porque as chamas que lá existem são chamas de amor.

(Extraído do livro O Breviário da Confiança, de Mons. Ascânio Brandão).