segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Testemunho:relato de um jovem que está lutando contra o vício da pornografia

(Relato de um jovem que está lutando contra o vício da pornografia)

Quinta-feira à tarde.

Voltei a cair. Poderia ter evitado? Talvez. Mas muitos pequenos combates são perdidos ao longo de uma batalha. Já tinha acontecido antes, já caí, tudo é como antes, nada mudou.

Sou católico. Acredito que é Deus quem está por trás da minha vida, quem a conduz por caminhos que eu nunca suspeito e que, muitas vezes, não entendo.

Sinto-me muito mal. Falhei com Ele. Ele continua me amando? Como consegue?

Mas olho para trás. Minha salvação está aí. São tantas as vezes que me livrei deste e de outros pecados! São tantas as batalhas que Ele ganhou por mim!

Então, o que fazer agora? Que sentido tem tudo isso? Os pensamentos de autocompaixão de antes eram estúpidos. Estúpidos e falsos. Também o passado me dá uma pista: sempre acabo fazendo minhas todas as vitórias de Jesus Cristo. Parece que tudo depende do que eu faço ou desejo fazer.

Quando não me masturbo ou vejo pornografia, é porque me considero Superman. Ou Supercatólico. Acho que não preciso de Ninguém. No entanto, esta é a minha fraqueza, que me acompanha e na qual se manifesta, antes ou depois, a vitória de Jesus Cristo. A força se manifesta na fraqueza (cf. II Cor 12, 9).

Mas sou católico. Que grande sorte! Transmitiram-me a fé e me ensinaram qual é o engano. O pecado, como diz São Paulo, me coloca no meu lugar, me ensina que sou criatura, não um deus. Ele me dá humildade. É um alicerce sobre o qual construir.

Então, fico em paz, em alegria. O Senhor me espera no sacramento da Penitência. Hoje já é tarde, mas amanhã cedinho irei à igreja. Vou me confessar com o padre que estiver disponível na hora, pois ele representa Jesus.

Quero me encontrar com Cristo, com a absolvição, com a força para seguir lutando. Além disso, depois de me escutar, talvez o sacerdote possa me ajudar, dar um conselho, om consolo, ensinar-me. Que melhor guia espiritual que um padre?

No entanto, com certo temor, lembro de experiências passadas no confessionário. Sempre encontrei a absolvição, mas, pelo que os padres me diziam, não me sentia compreendido. Uns não levavam muito a sério o meu pecado ("É normal", "é um pecado de adolescente"); outros se escandalizavam ("Mas meu filho! Você é pai de família!"); outros acreditaram que era suficiente cumprir penitências "estranhas" (banho frio, por exemplo).

O pior de tudo é que quase ninguém compreendia o núcleo do meu problema. Não era (e não é) somente um pecado, mas algo muito pior: um vício, uma escravidão. Que importante seria ter padres que pudessem não somente administrar os sacramentos e escutar, mas que estivessem preparados e formados para uma forte e carinhosa guia espiritual nestes problemas.

Eles talvez existam, mas eu, admito, encontrei poucos. A pornografia se espalhou pela internet. Muitos padres conhecem o perigo, mas por poucos me senti compreendido e consolado.

No entanto, é verdade que o que importa é a validez do sacramento. Todos os presbíteros são Jesus nesse momento, e todos eles oferecem uma absolvição que me reconcilia realmente com o Espírito Santo. Acho que a guia espiritual terá de ser procurada em outros lugares. Mas como seria bom encontrá-la aqui!

Enfim, hoje vou me confessar contente e com outra expectativa. Ainda que o padre não me escute ou entenda, pelo menos me absolverá. Depois eu procuro um guia espiritual em outro lugar.

Entrei na igreja, fiz o sinal da cruz, me aproximei do confessionário olhando para a cruz. Mas o confessionário estava vazio.

Hoje tampouco encontrei um padre. E isso tem me acontecido muito ultimamente.

Será que já não se pratica mais a confissão?

E agora, o que faço?

(Texto publicado originalmente no blog Porque se Puede)
sources: Porque se puede

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